Morreu Pinto da Costa, o dirigente desportivo mais premiado do mundo

 

Morreu Pinto da Costa, o dirigente desportivo mais premiado do mundo


fonte da imagem: Publico




Uma vida de glórias, polémicas e um legado que divide opiniões, mas que ninguém pode ignorar.








Era um sábado como tantos outros, mas o ar parecia mais pesado. Quando a notícia chegou, senti um nó na garganta. Pinto da Costa, o homem que durante décadas foi sinónimo de FC Porto, de futebol português e de uma ambição sem limites, tinha partido aos 87 anos. A notícia correu rápido, como um passe em profundidade que deixa a defesa adversária parada. E, de repente, tudo parou. O futebol português perdeu uma das suas figuras mais marcantes, um homem que, para o bem e para o mal, moldou o desporto no nosso país.

Pinto da Costa não era apenas um presidente. Era um símbolo. Um líder. Um guerreiro. Um homem que, como ele próprio gostava de dizer, lutou “contra tudo e contra todos”. E, ao fazê-lo, conquistou 69 títulos apenas na principal modalidade do FC Porto. Sim, 69. Um número que parece irreal, mas que é apenas a prova de uma vida dedicada ao clube que amava.

fonte da imagem: Euronews.com





O Homem por Trás do Mito

Conheci Pinto da Costa de longe, como a maioria de nós. Era uma figura maior que a vida, sempre presente nas bancadas, nos corredores dos estádios, nas conferências de imprensa. A sua voz grave e firme era inconfundível. Os seus olhos, por trás dos óculos, pareciam sempre a calcular o próximo movimento. Era um estratega, um mestre do xadrez futebolístico.

Mas por trás do mito, havia um homem. Um homem que nasceu em Pedras Salgadas, em 1937, e que cresceu com o futebol no sangue. Um homem que, antes de se tornar presidente do FC Porto em 1982, já vivia e respirava o clube. E foi essa paixão que o levou a transformar o FC Porto num gigante do futebol europeu e mundial.

Lembro-me de ouvir histórias sobre os primeiros anos de Pinto da Costa na presidência. O FC Porto não era o clube dominante que é hoje. Era um clube com história, sim, mas que vivia à sombra do rival Benfica. Pinto da Costa mudou isso. Trouxe títulos, trouxe jogadores, trouxe uma mentalidade vencedora. E, acima de tudo, trouxe orgulho aos portistas.

A Era de Ouro

Foi sob o comando de Pinto da Costa que o FC Porto viveu a sua era de ouro. Dois títulos da Liga dos Campeões (em 1987 e 2004), duas Taças Intercontinentais, inúmeros campeonatos nacionais, taças de Portugal, supertaças... A lista parece interminável. Mas mais do que os troféus, foi a forma como eles foram conquistados que marcou o futebol português.

fonte da imagem: onefotboll






Pinto da Costa era um líder carismático, mas também controverso. As suas declarações inflamadas, as suas guerras com adversários, árbitros e até com a própria federação, tornaram-no uma figura polarizadora. Ou se amava Pinto da Costa, ou se odiava. Não havia meio-termo.

E, no entanto, mesmo os seus maiores críticos tinham de reconhecer o seu génio. Foi ele quem trouxe para o FC Porto treinadores como José Mourinho e Jesualdo Ferreira, e jogadores como Deco, Vítor Baía, Hulk e James Rodríguez. Foi ele quem transformou o Dragão num estádio de classe mundial. Foi ele quem fez do FC Porto um clube respeitado e temido além-fronteiras.

As Polémicas

Mas a vida de Pinto da Costa não foi feita apenas de glórias. Houve também polémicas. Muitas. O caso Apito Dourado, que abalou o futebol português no início dos anos 2000, foi talvez o mais marcante. Pinto da Costa foi acusado, julgado e, no final, absolvido. Mas as suspeitas nunca desapareceram por completo. Para muitos, ele era um mestre da manipulação. Para outros, um bode expiatório.

E depois havia as suas relações tempestuosas com os rivais. As guerras com o Benfica e o Sporting eram lendárias. Pinto da Costa não tinha medo de atacar, de provocar, de desafiar. Era um homem que vivia o futebol com uma intensidade rara. E isso, claro, gerava inimizades.

Mas, no meio de tudo isso, havia uma coisa que ninguém podia negar: Pinto da Costa amava o FC Porto. Amava-o de uma forma visceral, quase obsessiva. E esse amor era recíproco. Para os portistas, ele era mais do que um presidente. Era um herói. Um símbolo de resistência, de ambição, de vitória.

O Adeus

fonte da imagem: correi da manhã




No sábado, quando a notícia da sua morte se espalhou, o mundo do futebol parou. As mensagens de condolências chegaram de todos os cantos. De jogadores, treinadores, dirigentes, fãs. Até os rivais reconheceram o seu legado. Porque, independentemente das polémicas, Pinto da Costa era uma figura incontornável. Alguém que marcou o futebol português de uma forma que poucos conseguiram.

Ao pensar na sua vida, não consigo evitar uma sensação de nostalgia. Pinto da Costa era de uma geração de dirigentes que já não existe. Dirigentes que viviam o futebol com paixão, com intensidade, com um sentido de missão. Hoje, o futebol é um negócio. Mas para Pinto da Costa, era muito mais do que isso. Era uma causa. Uma razão de viver.

E, por isso, o seu legado vai muito além dos títulos. Pinto da Costa mostrou-nos que, com determinação, ambição e um pouco de ousadia, é possível alcançar o impossível. Mostrou-nos que, mesmo contra tudo e contra todos, é possível vencer.

O Legado

Agora que partiu, resta-nos olhar para trás e tentar compreender a magnitude do que ele fez. Pinto da Costa não foi apenas o presidente mais premiado do mundo. Foi um homem que mudou o futebol português. Que o elevou a um patamar que muitos julgavam impossível. E que, ao fazê-lo, deixou uma marca que nunca será apagada.

Para os portistas, ele será sempre o “presidente dos presidentes”. Para o futebol português, será sempre uma figura maior que a vida. E para mim, que o vi de longe, mas que senti o impacto da sua presença, será sempre uma inspiração. Porque Pinto da Costa não era apenas um dirigente. Era um sonhador. E os sonhadores são aqueles que mudam o mundo.

Descanse em paz, Pinto da Costa. O futebol português nunca será o mesmo sem si.




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