O Lobo do Vale: Um Encontro Sob a Lua Cheia

 


O Lobo do Vale: Um Encontro Sob a Lua Cheia


fonte da imagem: Meta AI 


A Noite em que Confrontei o Medo em Forma de Monstro








Nas noites mais escuras, quando a lua cheia ilumina o céu, histórias de criaturas misteriosas e legendárias ganham vida nas conversas ao redor da fogueira. Desde pequeno, ouvia meu avô contar sobre o lobisomem que assombrava o vale, uma lenda que todos na região conheciam. Mas, como muitos, sempre tratei essas histórias como meras superstições. Até aquela noite fria de agosto.

Era uma sexta-feira, e minha rotina habitual de trabalho no campo foi interrompida por um chamado urgente de minha mãe. Meu pai, que costumava ir pescar à beira do rio, não voltara para casa, e o crepúsculo estava prestes a cair. Pegando a lanterna e um casaco pesado, decidi ir à sua procura. O vale era vasto e cercado por campos de milho altos, com árvores antigas que pareciam sussurrar segredos do passado.


fonte da imagem: Meta AI 



Ao chegar ao rio, um calafrio percorreu minha espinha. Este não era um local desconhecido para mim, mas a atmosfera pesava. Uma névoa densa começou a se formar, e a água, que antes parecia tranquila, agora se agitava inquietamente. Chamei por meu pai várias vezes, mas só a solidão respondeu. Sentindo a presença de algo estranho, optei por voltar, mas antes de dar o primeiro passo, um uivo cortou a noite, fazendo meu coração disparar. Era um som primitivo, um eco das profundezas da floresta.

Segui o som, impulsionado por uma mistura de medo e curiosidade. Avancei com cautela, tentando permanecer em silêncio, mas o ruído da grama sob meus pés parecia ensurdecedor. Então, de repente, vi algo à distancia: uma sombra se movia entre as árvores. A figura era desmembrada, tudo que restava da lucidez da noite. Levantei a lanterna, e o que vi me deixou paralisado.

Um ser alto, coberto de pelos escuros, com olhos amarelos brilhantes observava. Era uma combinação grotesca de homem e lobo, o verdadeiro lobisomem das histórias que meu avô contava. Seu olhar penetrante parecia ler minha alma, e o instinto de fuga se apoderou de mim. Mas algo me impediu de me mover. O lobisomem se aproximou lentamente, e o que aconteceu a seguir foi como um filme projetado sem som.

O espaço entre nós se encolheu rapidamente, e o lobo soltou um rosnado profundo que reverberou por todo o vale. Se eu já havia duvidado da lenda antes, aquele momento me confirmou que o medo não é apenas um mito. Fechei os olhos, imaginando que poderia desaparecer, mas a realidade me encarou. Com a mão trêmula, peguei uma pedra do chão, e com toda a força que consegui reunir, atirei em direção ao monstruoso ser.

A pedra atingiu seu flanco, mas ao invés de recuar, o lobisomem parou. Ele olhou para mim, quase com uma expressão de confusão, e então, para meu espanto, começou a se transformar. Os pelos desapareceram lentamente, os músculos se contorceram e, em questão de segundos, um homem comum estava diante de mim — um morador da aldeia que conhecia. Seu nome era Miguel, e ele era o tipo de pessoa que jamais imaginei estar envolvido em algo tão sobrenatural.

fonte da imagem:Meta AI



Miguel, agora horrorizado, me contou que a maldição do lobisomem havia sido passada em sua família, forçando-o a se transformar sob a lua cheia. Ele implorou por minha compreensão e, sem saber como reagir, aceitei seu pedido. Naquela noite, compreendi que o medo é uma sombra que pode se manifestar em diversas formas, e que o lobisomem não era apenas um monstro, mas também uma vítima de suas circunstâncias.

Voltamos juntos para a aldeia, e a partir daquele dia, as histórias que antes eram apenas lendas se tornaram uma dura realidade que nunca esquecerei. O vale que abrigava o lobo estava agora para sempre marcado em minha memória, lembrando-me de que, às vezes, o verdadeiro terror reside não no que se vê, mas no que se torna real diante dos nossos olhos.



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