Trump Demite Responsável por Estatísticas Após Dados Revelarem Alta no Desemprego nos EUA
Presidente acusa funcionária de manipular números; especialistas alertam para riscos de politização de dados econômicos
Na sexta-feira (1º), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou a demissão de uma alta funcionária do Departamento de Trabalho, acusando-a de manipular estatísticas sobre o emprego no país. A decisão ocorreu horas após a divulgação de dados oficiais que mostraram um aumento inesperado na taxa de desemprego, contrariando a narrativa da Casa Branca sobre uma recuperação econômica acelerada.
A funcionária em questão, Diane Oakley, era responsável pela supervisão dos relatórios mensais de emprego e vinha trabalhando no departamento há mais de uma década. Sua demissão imediata levantou preocupações entre economistas e analistas políticos, que temem uma interferência crescente do governo na independência de órgãos técnicos.
Este caso reacende o debate sobre a relação entre o governo Trump e as agências federais responsáveis por dados econômicos, especialmente em um ano eleitoral marcado por crises sanitárias e financeiras.
O Aumento Inesperado no Desemprego e a Reação de Trump
Os dados divulgados pelo Departamento de Trabalho na manhã de sexta-feira (1º) mostraram que a taxa de desemprego nos EUA subiu para 6,1% em julho, um aumento de 0,4 pontos percentuais em relação ao mês anterior. A notícia pegou analistas de surpresa, já que a maioria das projeções apontava para uma estabilização ou até uma leve queda.
O relatório também indicou que cerca de 400 mil pessoas deixaram a força de trabalho, um sinal preocupante em meio aos esforços de reabertura da economia. Setores como hotelaria, entretenimento e pequenos negócios continuam enfrentando dificuldades, mesmo com os estímulos governamentais.
Horas após a divulgação, Trump publicou uma série de tweets atacando os números:
"Os dados de emprego estão completamente distorcidos. Temos uma recuperação forte, mas algumas pessoas no governo insistem em apresentar números ruins para me prejudicar. Isso é inaceitável!"
Em seguida, a Casa Branca emitiu um comunicado confirmando a demissão de Oakley, alegando "falhas graves na condução dos relatórios".
Quem Era Diane Oakley e Por Que Sua Demissão é Polêmica?
Diane Oakley, economista com mais de 20 anos de experiência em estatísticas trabalhistas, ocupava um cargo de confiança no Bureau of Labor Statistics (BLS), órgão responsável pela coleta e análise de dados econômicos nos EUA. Colegas a descrevem como uma profissional técnica, sem histórico de viés político.
Sua demissão abrupta foi interpretada por muitos como uma tentativa de culpar o mensageiro em vez de enfrentar a realidade dos números.
Paul Krugman, Nobel de Economia e colunista do New York Times, comentou:
"Isso é clássico em governos autoritários: quando os dados não agradam, ataca-se quem os produz. O BLS sempre foi uma instituição respeitada justamente por sua independência."
O ex-presidente Barack Obama também se manifestou, escrevendo em suas redes sociais:
"Quando os fatos são inconvenientes, alguns preferem destruir a credibilidade das instituições. Isso é perigoso para a democracia."
Histórico de Tensões Entre Trump e Agências de Dados
Esta não é a primeira vez que Trump questiona publicamente dados oficiais:
2017: Desacreditou números do censo que mostravam baixo crescimento populacional.
2019: Alegou que a taxa de desemprego real era "muito maior" do que a divulgada.
2020: Criticou projeções da CDC sobre mortes por COVID-19, sugerindo que eram exageradas.
Analistas políticos veem um padrão de negação de fatos inconvenientes, especialmente em períodos eleitorais. Com a eleição presidencial de novembro se aproximando, a demissão de Oakley pode ser um sinal de que a Casa Branca pretende controlar a narrativa econômica a qualquer custo.
Riscos da Politização de Dados Econômicos
A interferência em órgãos técnicos como o BLS pode ter consequências graves:
Perda de credibilidade internacional: Investidores e agências de rating dependem de dados confiáveis para tomar decisões.
Dificuldade em formular políticas públicas: Sem informações precisas, fica impossível medir o impacto de medidas econômicas.
Erosão da democracia: Dados independentes são essenciais para o jornalismo investigativo e o controle social do governo.
Janet Yellen, ex-presidente do Federal Reserve, alertou:
"Se os números forem manipulados por motivos políticos, os EUA podem entrar em uma crise de confiança sem precedentes."
Conclusão: Um Precedente Perigoso?
A demissão de Diane Oakley pode marcar um novo capítulo na relação entre o governo Trump e as agências federais. Em um momento em que a economia americana ainda luta para se recuperar da pandemia, a transparência dos dados deveria ser prioridade.
Enquanto isso, o Partido Democrata já anunciou que irá investigar o caso no Congresso, alegando possível abuso de poder. A próxima atualização do relatório de emprego, em setembro, será acompanhada com ainda mais atenção – e desconfiança.
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