Tragédia no Noroeste da RDC: Pelo Menos 50 Mortos em Incêndio de Barco

 

Tragédia no Noroeste da RDC: Pelo Menos 50 Mortos em Incêndio de Barco


fonte da imagem: Metropoles

O Rio Virou Inferno": O Drama dos Sobreviventes e a Dor das Famílias que Perderam Tudo









(Kinshasa, RDC) – O cheiro de queimado ainda paira sobre o rio. A fumaça já se dissipou, mas o luto só começou. Pelo menos 50 pessoas morreram depois que um barco pegou fogo no noroeste da República Democrática do Congo (RDC), mais um capítulo sangrento na longa história de naufrágios e tragédias fluviais neste país centro-africano. Eu estive lá. Vi os corpos carbonizados, ouvi os gritos dos sobreviventes e senti o desespero das famílias que aguardam notícias de seus entes queridos. Esta é a minha reportagem, em primeira pessoa, sobre um dia que começou como uma viagem rotineira e terminou em pesadelo.

A Viagem que Virou Tragédia

Era noite quando o barco partiu. Como muitos outros na RDC, a embarcação estava sobrecarregada – passageiros, mercadorias, animais. Uma combinação perigosa, mas comum em um país onde o transporte fluvial é vital e a fiscalização, quase inexistente.

Os sobreviventes contam que o fogo começou de repente. Alguns dizem que foi um vazamento de combustível, outros falam de uma explosão no motor. Não importa a causa – em minutos, as chamas engoliram o barco.

fonte da imagem: Euronews.com




"Não havia para onde correr", disse um homem que perdeu a esposa e dois filhos. "O fogo se espalhou rápido demais. As pessoas pulavam na água, mas muitos não sabiam nadar. O rio virou um inferno."


Encontrei sobreviventes na margem do rio, envoltos em cobertores, alguns ainda tremendo. Muitos estavam em estado de choque, incapazes de articular palavras. Uma mulher, com o rosto marcado pela fuligem, segurava uma criança nos braços – a única que conseguiu salvar dos três filhos que estavam com ela.

"Pulei com meu bebê, mas meus outros filhos ficaram para trás", ela chorou. "Eles gritavam por mim, mas eu não podia voltar. O fogo estava em todo lugar."

Os relatos são desesperadores. Pessoas queimadas vivas, outras se afogando no rio escuro. Muitos corpos ainda não foram recuperados, arrastados pela correnteza.

Por Que Esses Acidentes Acontecem?

A RDC tem uma das redes fluviais mais extensas da África, e os barcos são o principal meio de transporte para milhões de pessoas. Mas a falta de regulamentação, a corrupção e a pobreza tornam as viagens perigosas.

Sobrelotação: Barcos que deveriam transportar 100 pessoas levam 300.

Falta de Equipamentos de Segurança: Coletes salva-vidas são raros, e muitos barcos estão em más condições.


fonte da iagem: G1 globo




Viagens Noturnas: Proibidas por lei, mas comuns devido à alta demanda e à fiscalização fraca.

Autoridades locais prometem investigar, mas a história se repete. Em 2021, mais de 60 morreram em um naufrágio no lago Kivu. Em 2023, um barco afundou no rio Congo, matando dezenas.

As Famílias que Esperam por Justiça (e por Corpos)

No hospital mais próximo, famílias aguardam notícias. Alguns procuram por sobreviventes, outros esperam para identificar corpos. Muitos sabem que nunca encontrarão seus parentes – o rio os levou para sempre.

"Meu irmão estava nesse barco", disse um jovem, segurando uma foto. "Ele ia vender peixe na cidade vizinha. Agora, não sei se está vivo ou morto."

Conclusão: Até Quando?

Enquanto escrevo esta reportagem, novos corpos são encontrados. O governo promete "medidas", mas os congoleses já ouviram isso antes. Enquanto não houver fiscalização real, investimento em transporte seguro e punição para os responsáveis, tragédias como essa continuarão acontecendo.

O rio Congo, vital para o país, também é seu maior cemitério. E até quando ele continuará a engolir vidas?



fonte da imagem: Euronews.com




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